APRENDER
A RESPEITAR E VALORIZAR A DIVERSIDADE RACIAL DENTRO DO ESPAÇO ESCOLAR: PARA A
CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE MELHOR.
Giselly Santos do Nascimento[1]
RESUMO: O presente trabalho sociabiliza, discute e reflete sobre o
papel da escola em orientar seus alunos a enxergar a diversidade como tal, e
analisar a importância de todos para construção da sociedade. Ao refletir as
necessidades da sociedade da qual vivemos, percebo o quão complexa se torna as
relações inter-raciais e seus modos de convivência escolar. Diante disto, meu
trabalho é de despertar um olhar critico sobre tal situação. Observando a
escola como principal orientadora para ajudar aos discentes a refletir suas
atitudes e palavras com o próximo, destaco que a mesma é responsável para
despertar o olhar de respeito e valorização da diversidade racial, construindo
um mundo mais humano e justo, o qual seja digno de ser habitado por todas as
diversidades existentes. É nesta perspectiva que iremos compreender quem é o
outro, para a construção e implantação de uma educação pautada na realidade dos
sujeitos envolvidos. Entendendo que cada indivíduo representa um papel de
grande importância na sociedade. E que, as diferenças devem ser respeitadas
dentro de uma realidade harmônica, e assim possa todos os envolvidos tomar
consciência de que cada ser tem sua necessidade especifica, e deve ser
respeitada. E a escola ambiente onde se confronta todas as diversidades raciais
não poderia deixar de ser, o local mais apropriado para desenvolver esses
saberes.
Palavras-chave:
Diversidade racial. Escola. Educação. Qualidade do ensino.
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, temos uma população
miscigenada e diversificada, porém isso não significa que sabemos conviver com
as diferenças. Nos últimos anos crianças das mais diversas origens têm vindo a
diversificar e a enriquecer as nossas escolas, no entanto a sua integração em
contexto escolar coloca-nos alguns desafios. Diante dessa realidade, a educação
escolar está submetida a trabalhar para a diversidade, ensinando a respeitar,
valorizar e conhecer todos os discentes. Tendo como uma de suas metas para um
ensino de qualidade, incentivar a possibilidade de a criança interpretar os
vários papéis existentes na sociedade, entendendo as diversidades, porém, sem
gerar desigualdades diante da importância de cada ser. Partindo dessas
primeiras considerações, o principal objetivo desse trabalho é analisar a
importância da educação para a diversidade racial evitando a exclusão escolar e
social, buscando questões e temas que destaque o mérito da discussão,
refletindo sobre o papel da escola em trabalhar a diversidade racial,
despertando a consciência dos discentes para torna-los seres pensantes e
cidadãos críticos capazes de mudar a realidade do mundo e acabar com todas as
formas de subordinar as minorias.
Este trabalho só foi possível de
acordo com ajuda das fontes teóricas, as quais enriqueceram as discussões. Realço
como autores de grande mérito para esse estudo: FREIRE (1996), LIMA (1998), e SANTOS
(1990) entre outros, que através de suas pesquisas estão construindo caminhos
que nos fazem refletir sobre a diversidade racial, rompendo as barreiras
causadas pelo racismo, possibilitando também um novo olhar sobre a diversidade
de um modo geral, existentes no ambiente escolar e em nossa sociedade.
Para mudar a realidade vivida na sociedade
atual, é preciso começar pela escola. Pois, a escola é reflexo da sociedade,
repetindo valores e práticas positivas, mas também negativas, como atitudes
preconceituosas direcionadas para as pessoas com características diversas
daquelas que são consideradas como ‘padrão’. A escola apresenta como vantagem o
fato de se constituir como espaço no qual seus valores e suas práticas podem
ser questionados, revistos e modificados. Despertando o pensamento de como
enfrentar o desafio de oferecer um ensino que respeite a diversidade racial.
2 DIVERSIDADE
RACIAL NA ESFERA DA VIDA ESCOLAR: CONHECENDO E COMPREENDENDO MELHOR ESTE
ASSUNTO.
Sempre há um tom de dúvidas e
preconceito quando o assunto é diversidade racial, contudo pensar em tal tema é
um tanto que equivoco da parte daqueles que tentam afirmar que existem sim
raças humanas. Só existe na terra uma única espécie humana, chamada homo sapiens. O que chamamos de “raça”
se resume a cor da pele. Em comparação com a pele de outros primatas, a pele
humana possui menor pelagem. A cor do pelo e da pele é determinada pela
presença de pigmentos, chamados melaninas. A maioria dos autores acredita que o
escurecimento da pele foi uma adaptação que evoluiu como uma defesa contra a
radiação solar ultravioleta (UV), a melanina é uma substância eficaz contra
esta radiação. Por desconhecer estas verdades, muita gente julga as pessoas
pela cor da pele. Mas precisam compreender que a pele é:
Uma roupa sem igual. Cai bem
em grandalhões ou nanicos, gordos ou magros. São 2 metros quadrados de tecido
humano de qualidade. Versátil, aquece no frio e refresca no calor. Veste
perfeitamente em qualquer ocasião, formal ou informal (SANTOS, 1990, p. 93).
Entendendo isto, destaco. Somos
todos diferentes, seja culturalmente, socialmente, geneticamente,
ideologicamente entre outros, porém somos todos iguais em questão de classificação,
não somos como as várias espécies de aves, que a primeira vista são todas aves,
mas se diferenciam em raças, conosco seres humanos não é assim, não há uma
característica que possa nos diferenciar de ser humano. Ter uma população
formada por diversidade racial é para ser um motivo de orgulho para todos nós
brasileiros. Mas será que essa diversidade é valorizada tanto pela sociedade
como pela escola?
Falar em diversidade significa
constatar as várias diferenças sociais, reconhecer essa complexidade que
envolve a problemática social é o primeiro passo que a escola deve trabalhar.
Embora a diversidade racial sempre tenha estado presente nas salas de aula, a
preocupação em atender a todos sem exceção, é recente nas escolas brasileiras.
O predomínio da política do branqueamento fez com as outras manifestações
fossem praticamente aniquiladas.
Em sua historia, o Brasil passou
por várias ondas de nacionalismo exacerbado, principalmente nos períodos de
regime político autoritário, o qual deixou suas enormes marcas. A necessidade
de manter unido o povo em torno de um poder centralizador, abafando
reivindicações e necessidades divergentes, criou mitos como o do “Brasil sem
preconceitos”, onde todos seriam tratados igualmente- mas isso ficou apenas na
teoria. Essas falsas verdades repercutiram também na escola e consequentemente
deixando suas marcas na educação do nosso país. Onde, os livros didáticos
excluíam ou mostravam de forma caricata negros, índios e migrantes. O sistema,
por sua vez, determinava a aplicação de um currículo único, sob o pretexto de
oferecer uma educação igual para todos.
É importante ressaltar que a
realidade do nosso país precisa ser enxergada pela escola. Onde a mesma precisa
se mobilizar para realizar algo que mude nossa realidade, pois é nela onde tudo
se recomeça e se reconstrói, é o lugar onde as crianças começam, a enxergar com
outros olhos o mundo, é nesse momento que precisamos mostrar para eles que
todas as pessoas são de suma importância para a sociedade e que todos são iguais
em direito. E que para se construir uma verdadeira sociedade digna de ser
habitada por todos, é preciso reconhecer cada ser como protagonistas de uma
grande historia.
3 UM OLHAR SOBRE A DIVERSIDADE
RACIAL: AMPLIANDO A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO, REDUZINDO A DESIGUALDADE ESCOLAR.
Delimitar sobre diversidade
racial na escola, não é uma tarefa fácil, pois aborda várias situações e
contextos diversos. Pois, a escola tem sido apresentada de um modo geral, nas pesquisas
sobre questões raciais, como base conservadora e excludente ao se pautar em um
modelo de currículo que poderíamos denominar “embranquecido” diante da ausência
de conteúdos que possam contribuir para a integração e o reconhecimento de
todos os alunos. O padrão hegemônico de
cultura, de estética, de historia eurocêntrico no sentido de que prioriza a
cultura europeia e o homem branco como padrão e modelo de civilização em
detrimento de outras culturas. Esse modelo, no qual a escola brasileira se baseia,
deve ser questionado e ressignificado, pois valoriza os que nele se enquadram e
avalia negativamente todos os que dele se afastam. Para analisamos esta
questão, recorro as ideias de Paulo Freire (1996), com a certeza de que expressam
o importante papel dos professores para construção de uma escola para a
diversidade.
(...) homens e mulheres do
século XXI necessitam de uma educação para a diversidade, necessitam de uma
ética da diversidade e de uma cultura da diversidade, pois uma sociedade
multicultural deve educar o ser humano multicultural, capaz de ouvir, de
prestar atenção ao diferente e respeitá-lo.
Como
podemos perceber a escola tem um papel fundamental na formação da identidade
das crianças por ela acolhidas e, por isso, precisa ter clareza da necessidade
de positivar a diversidade pela qual é constituída. É importante que o
professor, tenha elementos para compreender melhor a formação das relações
raciais na cultura brasileira e possa interferir no cotidiano da instituição
escolar. Geralmente, na escola, trabalhamos como se não houvesse diferenças,
com base em um discurso que prega a igualdade entre as crianças- apesar de
ocorrerem práticas ostensivas de diferenciação em especial de caráter racial.
Esse discurso tenta construir um reconhecimento de igualdade de direito de cada
um, fundamentado na ideia de que vivemos em uma sociedade harmoniosa
racialmente, seria muito bom se isto fosse verdade, infelizmente não é assim
que acontece em nossa realidade.
Em
muitas situações evidenciadas no espaço escolar, observamos que há
características que podem nos fornecer informações sobre a origem geográfica
ancestral das pessoas: uma pele negra pode nos levar a inferir que a pessoa
tenha ancestrais africanos, olhos puxados evocam ancestralidade oriental etc.
Mais isso é tudo; não há nada mais que se possa captar a flor da pele? Pense
bem. Como é possível que o fato de possuir ancestrais na África faça o todo de
uma pessoa ser diferente de quem tem ancestrais na Europa? O que tem a
pigmentação da pele, o formato e a cor dos olhos ou a textura do cabelo a ver
com as qualidades humanas singulares que determinam uma individualidade
existencial? Tratar um individuo com base na cor da pele ou na sua aparência
física é claramente errado, pois alicerça toda relação em algo que é moralmente
irrelevante com respeito ao caráter ou ações daquela pessoa. O que se torna
latente em nossa sociedade é a banalização do preconceito - ainda existe muito
preconceito com relação a religião, cor da pele, traços genéticos, como se isto
fosse referencia para a marginalização de um individuo.
Precisamos, no nosso trabalho
cotidiano escolar, incorporar o discurso das diferenças não como um desvio, mas
como algo que enriquece nossas práticas e as relações entre os discentes,
possibilitando o enfrentamento de práticas de racismo a construção de posturas
mais abertas às diferenças e, consequentemente, a construção de uma sociedade
mais plural, que conheça, reconheça e valorize a importância de cada ser dentro
da sociedade.
Destaco para analisamos a
diferença diante da nossa sociedade, e também avaliar a convivência que pode
ser boa se aprendermos a lidar com as diferenças, lanço mão das sabias palavras
de LIMA (1998) a “diferença enriquece a vida e a igualdade é um direito de
todos. Somos iguais nos direitos a vida”. Este exposto nos faz refletir, ressignificar,
reinventar e reavaliar formas de vida, de educação, de brincar, com o propósito
de desfazer certos conceitos negativos já formados no nosso cotidiano.
Só assim nos possibilitamos olhar diferente
para o outro, reconhecendo seus valores e valorizando sua importância para toda
a nossa sociedade. O primeiro passo para destruir a barreira causada pelo
racismo oriundo no meio escolar, é a escola tomar uma verdadeira posição de
formadora de uma educação diversa e igualitária, destruindo a ideologia do
branqueamento, dando voz e vez a todos. Tendo o conhecimento que somos todos
iguais em direito.
4 CONSIDERAÇÕES
FINAIS
É de suma importância valorizar
a diversidade racial, é imprescindível, é mais que isso, é preciso lutar para
que haja o respeito, por parte de todos, a essa diversidade. Por isso faz-se
necessário discutir este tema no campo escolar. Onde podemos entender que a sociedade
não é homogenia a escola como parte integrada da sociedade, também não é. No
espaço escolar, há uma grande diversidade racial que constroem uma dinâmica
fundamentada na pluralidade. Precisa-se, nesse contexto que os docentes e os
demais profissionais da escola reconheçam como parte do seu papel desenvolver entre
os alunos, relações de respeito, aceitação e amizade.
A escola é um espaço onde se forma
opinião, onde se constroem ideologias. Então, que se aproveite esse espaço para
assim assumir a diversidade racial e usar dos artifícios que a escola possui
para formar um pensamento de respeito, por meio das pessoas, as diferenças
raciais.
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Educação
como pratica da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974.
LIMA, Heloisa Pires. Histórias da preta. São Paulo; Companhia das Letrinhas, 1998.
SANTOS, Joel Rufino dos. A questão do negro na sala de aula. São Paulo: Ática, 1990.
[1]
Estudante de Pedagogia, do Centro de Humanidades (Campus III – Guarabira/PB),
da Universidade Estadual da Paraíba.
